Relativamente aos primeiros, temos a dizer que fizeram os seus papeis e
saíram, deixando-nos sempre como moçambicanos. Eles não nos
transformaram em outra coisa. O segundo fez algo excepcional. Pegou em
todos os moçambicanos (nós), não sabemos como, transformou-nos primeiro
em patos. Criou-nos até atingirmos esses nossos insignificantes
tamanhos, que ele ainda tenta reduzir-nos cada vez mais. Não nos deixa
crescer, senão constituímos ameaça. Quando tentamos reivindicar alguns
dos nossos direitos, eis a sua força equipada da maneira mais
sofisticada que nos vem pulverizar com porrada.
Vejam que é raro, ultimamente, que ele apareça a falar do
empreendedorismo relacionado com a criação de patos. Constatámos que,
quando ele falava de patos, era para
nos levar a praticar uma actividade que neste momento já não dá ou
daria rendimento nenhum. Nós agora criamos as referidas aves a acabamos
comendo-nos uns aos outros.
O camarada já mudou! Agora ele está a criar um outro tipo de bicho.
Passou das aves para os animais de quatro patas. É doloroso saber que
nós fomos transformados de patos
para bois, não? E até alguns de nós somos burros. O mais estranho é que
os referidos burros não funcionam como meios de transporte para ajudar a
transportar os bois. O burros e os bois misturam-se na mesma carruagem.
Era melhor no tempo em que éramos patos e não sabíamos que o éramos. Não estamos a dizer que naquele tempo os bois e burros não existiam. Os burros foram
quase sempre muitos, mas era sempre possível distinguir os bois. No
tempo em que éramos patos não sentíamos muita insegurança e nem
precisávamos nos segurarmos uns aos outros durante a viagem por medo de
ser jogado fora da carruagem. Mas, podemos dizer também que, pelo menos, nos encontrávamos bem organizados em gaiolas. Agora, ser transportado como bois naqueles camiões, sem as condições mínimas de segurança é muito mas muito lamentável.
Camarada, precisamos que se coloquem meios de transporte que sejam
dignos de nos levar para os nossos postos de trabalho e às escolas, com
um mínimo de segurança e um pouquinho de conforto. Assim, poderemos,
provavelmente, evitar a transformação do que já somos para outra coisa
que não sabemos o que será.

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