sábado, 2 de março de 2013

Pessoas transportadas como animais em Maputo

Éramos todos moçambicanos quando estávamos sob o domínio colonial e até tentaram fazer-nos portugueses. Lembram-se, não? Continuámos moçambicanos até a fundação da força que libertou nosso país das ‘‘garras’’ dos colonizadores. Ficámos livres (independentes). Uns dedicaram-se ao trabalho social para o desenvolvimento do país e o outro com o mesmo propósito dedicou-se às actividades que visavam um desenvolvimento económico egoísta (com vista ao desenvolvimento individual)
Relativamente aos primeiros, temos a dizer que  fizeram os seus papeis e saíram, deixando-nos sempre como moçambicanos. Eles não nos transformaram em outra coisa. O segundo fez algo excepcional. Pegou em todos os moçambicanos (nós), não sabemos como, transformou-nos primeiro em patos. Criou-nos até atingirmos esses nossos insignificantes tamanhos, que ele ainda tenta reduzir-nos cada vez mais. Não nos deixa crescer, senão constituímos ameaça. Quando tentamos reivindicar alguns dos nossos direitos, eis a sua força equipada da maneira mais sofisticada que  nos vem pulverizar com porrada.


Vejam que é raro, ultimamente, que ele apareça a falar do empreendedorismo relacionado com a criação de patos. Constatámos que, quando ele falava de patos, era para nos levar a praticar uma actividade que neste momento já não dá ou daria rendimento nenhum. Nós agora criamos as referidas aves a acabamos comendo-nos uns aos outros.

O camarada já mudou! Agora ele está a criar um outro tipo de bicho. Passou das aves para os animais de quatro patas. É doloroso saber que nós fomos transformados de patos para bois, não? E até alguns de nós somos burros. O mais estranho é que os referidos burros não funcionam como meios de transporte para ajudar a transportar os bois. O burros e os bois misturam-se na mesma carruagem.



Era melhor no tempo em que éramos patos e não sabíamos que o éramos. Não estamos a dizer que naquele tempo os bois e burros não existiam. Os burros foram quase sempre muitos, mas era sempre possível distinguir os bois. No tempo em que éramos patos não sentíamos muita insegurança e nem precisávamos nos segurarmos uns aos outros durante a viagem por medo de ser jogado fora da carruagem. Mas, podemos dizer também que, pelo menos, nos encontrávamos bem organizados em gaiolas. Agora, ser transportado como bois naqueles camiões, sem as condições mínimas de segurança é muito mas muito lamentável.
Camarada, precisamos que se coloquem meios de transporte que sejam dignos de nos levar para os nossos postos de trabalho e às escolas, com um mínimo de segurança e um pouquinho de conforto. Assim, poderemos, provavelmente, evitar a transformação do que já somos para outra coisa que não sabemos o que será.

Caros compatriotas, se ficarmos de braços cruzados, seremos transportados assim como esses porcos o são. Olhem que já somos comparados a eles, pela grande quantidade e qualidade de lixo que inunda a nossa cidade. Não olhemos para as coisas a funcionarem mal e dizermos: ''O que fazer?'' e terminarmos por ai. Devemos sempre procurar responder a essa pergunta de forma activa. Nós somos capazes de mudar o curso das coisas assim como elas mudam o nosso curso.

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