segunda-feira, 22 de julho de 2013

Nos transportes públicos TPM paga-se 20Mt e viaja-se a 7Mt



A empresa de Transportes Públicos de Maputo, actualmente designada Empresa Municipal de Transportes Públicos, introduziu há alguns meses as carreiras Expresso para os diversos destinos da cidade e província de Maputo. Supõe-se que o objectivo dessas novas carreiras seja de melhorar a eficácia e a eficiência do sistema de transportes em Maputo. Mas, o que acontece é que nada se apresenta como novo senão a diferença de tarifas entre as carreiras Expresso e as normais.
Quando esses autocarros começaram a operar, havia paragens determinadas para levar e/ou deixar passageiros. Mas, é muito frequente nesses dias que estes machimbombos parem em qualquer paragem para os mesmos efeitos acima referidos. Falamos concretamente dos autocarros que fazem o trajecto Maputo-Boane e Mozal-Maputo. Não queremos falar dos outros motoristas, que mesmo em semáforos e outros locais que não sejam paragens, descarregam passageiros colocando a vida destes em risco embora seja a seu próprio pedido.
Ao questionarmos sobre essa desobediência, os motoristas e cobradores afirmam que pretendem ajudar as pessoas que residem em bairros cujas paragens não estão marcadas para que o Expresso leve ou deixe passageiros; todo o mundo precisa de viajar e não deve haver egoísmo.
Concordando com a ideia de querer ajudar todos os passageiros, a solução seria, para nós, eliminar as carreiras Expresso. Assim não haveria discriminação e nem desigualdades no acesso aos machimbombos; todo o mundo beneficiaria dos autocarros provavelmente da mesma maneira.
Para além destes aspectos que se constatam nesses autocarros, há que considerar os engarrafamentos que se apresentam no período matinal e na hora de ponta. Assim, questionamos se há necessidade de colocar carreiras Expresso nesses momentos do dia apesar dos engarrafamentos? Em que medida é que esses autocarros são eficientes nas horas em que se sabe que há engarrafamentos?
Solicitamos que esses autocarros não circulem como Expresso sempre que a circulação rodoviária estiver perturbada pelos engarrafamentos. Pedimos ainda que os motoristas e cobradores respeitem as ordens dos seus superiores, o código de estrada e que não deixem os seus valores morais ajudar uns, prejudicando os outros. Não se deve prejudicar os passageiros que apanham o Expresso com a expectactiva de chegar rápido ao seu destino, pois considera-se que é um autocarro que não tem muitas paragens.
A carreira Expresso é especial ou não? Que faça valer os propósitos para os quais foi concebida!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Residentes da Matola-rio na luta contra o lixo nas ruas




Esta manhã os residentes da Matola-rio decidiram lutar contra o lixo que se encontrava acumulado nos diferentes pontos do bairro. Tratava-se do lixo depositado pelos próprios residentes, mas também pelos residentes de outros bairros. Estes últimos transportam regularmente, na calada da noite, o lixo produzido nos seus bairros e vêm depositá-lo em vários locais da Matola-rio.
A solução encontrada pelos residentes foi a de se reunir para juntos fazer desaparecer o lixo e sensibilizar todos os residentes a abrir covas em seus quintais para depositarem os seus resíduos.
Matola rio faz parte do distrito de Boane, recentemente elevado à categoria Município. Esperamos com esta municipalização que Boane possa beneficiar de mecanismos eficazes e eficientes para a remoção e, se possível, a reciclagem do lixo. Esperamos ainda que não só o distrito seja municipalizado, mas também que se criem mecanismos para que os seus habitantes sejam cidadãos dignos de residir num município. Precisa-se de cidadãos que não deitem lixo nas ruas do seu bairro, que não saiam com o lixo para deitar em outros bairros e também que reprimam os indivíduos que transportam o lixo dos seus bairros para deitar os outros.
Os residentes do bairro da Matola-rio mostram que já são e estão a torna-se cada vez mais “BONS CIDADÃOS”.
Parabéns aos residentes da Matola-rio que consagraram uma parte da sua matina à limpeza do seu bairro. Que os outros bairros aprendam algo desta acção para limpar e manter os seus bairros limpos!
Juntos na luta contra o lixo e as doenças! Abram o Olho.

sábado, 6 de julho de 2013

A morte de bibliotecas ocorre somente em Maputo?



O comércio ambulante de livros na cidade de Maputo é uma realidade visível em quase todas as suas esquinas, nas proximidades duma escola ou não. É possível encontrar uma diversidade de livros, desde os livros de diversão aos de produção científica.
Mas, questionemo-nos sobre a proveniência destes materiais que constituem instrumentos preciosos para o desenvolvimento académico, político, cultural e mesmo espiritual (bíblia). Estariam as bibliotecas a eliminar alguns livros tidos como antigos e por isso não lidos? Não estariam as bibliotecas das nossas escolas sendo saqueadas por indivíduos preocupados apenas com o desenvolvimento económico individual?
Geralmente, os livros que se encontram nas bancas das ruas aparecem identificados com o carimbo e referência das prateleiras das respectivas bibliotecas donde eles são retirados. Mas, nessas livrarias ambulantes da cidade de Maputo, os livros passam por uma série de cirurgias para fazer desaparecer a identidade de proveniência do livro. Os carimbos são raspados, recortados ou ainda a página contendo o carimbo é arrancada.
Se considerarmos que os livros estão nas bancas dos vendedores ambulantes porque as bibliotecas retiraram-nos das suas prateleiras por falta de leitores ou por redução da sua importância, por que razões esses materiais passam por cirurgias. Note-se que alguns dos livros que se encontram nas livrarias ambulantes são novos e nem sempre apresentam carimbo de alguma biblioteca. Qual é a proveniência desses últimos? Os vendedores ambulantes também já importam livros? Não pretendemos insinuar que haja roubos nas livrarias, mas procurar perceber a proveniência desses livros, assim como procuramos saber da proveniência dos outros produtos de que somos consumidores.
Se alguém estiver a contribuir para o empobrecimento contínuo das nossas bibliotecas para resolver problemas individuais que necessitem de valores monetários, quem será esse indivíduo? Será algum funcionário da biblioteca? Será algum estudante ou outro tipo de leitor? Ou são todos eles? Não haverá outros mecanismos de resolver os seus problemas financeiros?
Um livro que se encontra numa biblioteca, beneficia numerosos leitores. Mas, um livro tirado da biblioteca e vendido na rua, beneficia apenas o comprador, que provavelmente após a leitura, arquiva-o na sua prateleira (se tiver) como propriedade privada e legítima. Mas, é também dessas prateleiras das bibliotecas de casa que provavelmente alguns dos livros vendidos na rua saem. Por isso, as bibliotecas que morrem não são somente as públicas, mas também as individuais (da casa ou do escritório), não?






Jardim botânico transformado em Jardim "hídrico" e zoológico



Este jardim, um ‘’Lugar muito especial e agradável. O Jardim Botânico de Maputo, outrora conhecido como Jardim Vasco da Gama e agora denominado Tunduru, é um espaço localizado bem no centro da cidade onde se podem observar inúmeras espécies de árvores e plantas Africanas.’’ (http://mblog.canalblog.com/archives/2006/08/26/5336019.html). 
Neste discurso, o que ainda constitui a realidade deste jardim é apenas o nome e a sua localização. Já não é um lugar especial e nem agradável; Já não é necessariamente um jardim botânico; As árvores e plantas que lá se encontram, já não são autenticamente africanas e já não são numerosas. São árvores e plantas sem identidade, pois perderam as placas que as identificavam. Só as próprias árvores e plantas, provavelmente, sabem o que elas são.

O jardim Tunduru era o local preferido dos namorados e de passeio para os recém-casados que amavam tirar fotografias para as suas belas recordações. Vários outros públicos dirigiam-se a este local, como é o caso de crianças e jovens estudantes em passeio. Era um local de passeio, de estudos e de visitas escolares.

Mas, ultimamente este lugar é um autêntico sinistro. Cheio de água escorrendo por todo o lado,  sob a forma de rios que vão desaguar no Índico ou no Pacífico. Na realidade, esses fluxos de água vão desaguar na Avenida Samora Machel e se estendem sob a forma dum oceano. No dia em que vi aquelas águas descendo pelas ex- vias reservadas aos visitantes do jardim, perguntei-me se as inundações não teriam atingido a cidade de Maputo sem que tivesse chovido. Este jardim transformou-se em residência de malfeitores que atacam as pessoas mesmo durante o dia. Os peixes habitam as ruas que estavam reservadas para a circulação das pessoas. Assim, pessoas e peixes já partilham o mesmo espaço físico. Só que, como as pessoas não se podem tornar aquáticas, evitam os riachos pulando-os. Mas, por vezes, quando não pulam devidamente, molham-se os sapatos e mesmo as calças. 
Para circular em alguns lugares dentro deste ex-belo jardim, temos que estar munidos de botas de borracha, calções e, se possível, uma arma de fogo para se defender dos malfeitores e dos cães raivosos que nele vivem. 
Algumas das áreas deste jardim são usadas como casas de banho para o tratamento da higiene pessoal. Há ainda os que o transformam em local para tomar o seu almoço e deixar o lixo espalhado sobre a relva sob pretexto que não existem lixeiras.

Mesmo assim, ainda há informações não actualizadas em sites Internet, dizendo “Das típicas Acácias aos bonitos Jacarandás, é possível encontrar de tudo um pouco.” Neste ex-jardim? Pergunto-me eu. Esse discurso já não cola com a realidade que se vive no ex-Jardim Vasco da Gama.

O próximo Presidente do Município de Maputo deveria dar uma olhadela nas antigas fotos deste jardim e procurar restabelecer a sua beleza em pelo menos 99%. Não devemos deixar o nosso património sucumbir desta maneira. Se for necessário que haja eleições, já votei pela reabilitação deste jardim e não pela sua transformação em outra coisa que não seja o que ele sempre foi. 
Abram o olho para esta realidade e façam algo para a sua mudança. Ignorar realidades destas, não deve fazer parte da nossa cultura social e nem da cultura política.